Hotel Design em Morro de São Paulo
'Inventiva, a arquitetura do estúdio Triptyque evitou atalhos para aproximar homem e natureza no projeto deste refúgio baiano. Foi direto ao ponto do conceito intimista, de viés naturalista, e posicionou o hotel “na cota das árvores, perto das estrelas”, diz, referindo-se simbolicamente ao partido aéreo da implantação, o arquiteto Olivier Raffaelli, um dos sócios do escritório, juntamente com Greg Bousquet, Carolina Bueno e Guillaume Sibaud (todos formados pela Escola de Belas-Artes de Paris, em 1999). O empreendimento de lazer e descanso deverá ser construído em Morro de São Paulo, município de Cairu, na Bahia. Encomendado por um francês que pretende passar férias no Brasil, acompanhado por amigos e outros hóspedes, o projeto prevê 51 unidades e preza a mínima intervenção no lote, a privacidade na contemplação da paisagem natural, a sustentabilidade, a simplicidade de meios e a racionalidade construtiva, que se inspirou na arquitetura nômade, transitória. Uma cortina de sapé, por exemplo, integrará o sistema de vedação dos quartos, conferindo ao espaço aspecto ao mesmo tempo rudimentar e inovador.
A ideia é não climatizar o hotel, filtrando a ventilação e a iluminação externas através de camadas sequenciais de tela e fibra natural. “Queremos permitir que as pessoas percebam as mudanças de temperatura e criar uma arquitetura nova, livre de vícios estilísticos. Não pretendemos simular nada, nem uma pretensa arquitetura praiana, nem casas de pescadores”, resume Raffaelli. Será, em suma, um hotel ecológico - eco lodge é a designação corrente para esse tipo de empreendimento -, com aspecto primitivo e linguagem orgânica. As unidades autônomas - bangalôs individuais e casas para dupla hospedagem - são chamadas pela equipe do Triptyque de criaturas, por causa do aspecto antropomórfico derivado dos materiais e dos pilotis de madeira semelhantes a patas com que as construções serão suspensas do solo.
O hotel terá habitações enxutas, com três andares mais mezanino interno, setorizadas verticalmente. A partir de um metro e meio do solo se sucederão os pavimentos do deque aberto, do dormitório e do solário da cobertura. A circulação vertical privativa é externa às edificações e o acesso entre estas e as áreas de uso comum se realizará através de uma malha de passarelas de madeira, conforme a topografia do lote. O traçado irregular das passarelas pretendeu otimizar a linearidade da implantação, a fim de garantir o máximo de privacidade para as unidades habitacionais. Decorre daí a ocupação esparsa e rarefeita do grande lote, quase plano, que tem frente para o mar e é ladeado parcialmente por vegetação de mangue. '
[ Texto de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 360 Fevereiro de 2010 ]
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